O melhor lugar do mundo.

Hoje eu visitei o melhor lugar do mundo. Pisei no chão mais firme. Senti desde a brisa mais suave ao vento mais intenso. Senti cheiro de terra, de mato, de chuva. Ouvi o cantar desarmônico de várias espécies de pássaros, ora ao mesmo tempo, ora cada um no seu.

Me concentrei em todos os cantos, em um apenas, e também em nenhum. Deixei a mente livre. Cheguei com dor, sangue, lágrimas e, desse hospital bucólico, levei um sorriso sincero no rosto e a limpeza profunda da alma que só esse lugar consegue proporcionar.

Vi todas as tonalidades de azul e cinza passearem pelo mesmo céu ao longo das horas. Como um filme dégradé, que movimenta-se com o passar do tempo sobre uma tela em branco. Vi nuvens pretas e brancas que mancharam e raios que rasgaram o desenho desse céu tão puro.

Apreciei todas as estátuas em sua imensidão e imponência, tanto as obras do homem, quanto as obras da Mãe. E me senti pequena, minúscula diante da vastidão que se apresentava a frente do meu caminho, que me acompanhava lado a lado e que me rodeava por completo. E senti paz e conforto, e também gratidão por ser tão miúda e, ainda assim, sentir que pertenço.

Ouvi o som das águas e acompanhei seu movimento singelo em todas as suas apresentações. Corrente, ondulante, jorrando dos chafarizes. Chovendo, garoando, frizando meus cabelos e arrepiando todo o meu corpo cálido com sua temperatura gélida, dosada cuidadosamente em gotas preciosas, uma a uma, cada uma, ainda que jamais se esgotem.

Nesse lugar onde me sinto em casa, onde sinto que faço parte, onde sinto no fundo do meu ser, que pertenço. Nessa paisagem tão linda e tão lar. Onde, mesmo em ruínas, me recupero e consigo me reerguer e me curar num instante. Onde a doce chuva anunciava minha hora de partir, não sem antes olhar pra trás, e contemplar a vida que o meu lugar emana.

E vi a vida nas mais diversas formas: animais dormindo, ou correndo e brincando; Plantas de toda sorte, com cores, flores e perfumes únicos, e também sem nenhum: apenas variedades infindáveis de texturas em verde; Pessoas de todas as idades, refletindo, caminhando, sozinhas ou acompanhadas.

Pensei comigo se elas perceberiam. Se elas também sentiriam. A magia e a pureza do encontro mais sincero. A revelação mais bela. O abrir de asas há muito esquecidas. O abraço de abrigar o mundo inteiro dentro do coração. A marca irresoluta do recomeço. A sensação de parar no tempo, no momento, em sentir-se livre, completo, vivo.

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